Muitos anos antes de ter sua própria emissora de TV, Silvio Santos já era o apresentador mais querido do país e foi durante anos funcionário de sua maior rival: a Globo.
Na emissora carioca, o “Programa Silvio Santos” – título imortalizado e usado pelo animador até hoje – foi ao ar pela primeira vez no dia 02/05/1965 após dois anos sendo exibido pela extinta TV Paulista. Engana-se, porém, quem pensa que os 51 anos de idade do programa levaram Silvio a modificá-lo. Desde seus primórdios, o “PSS” tinha o próprio Silvio como principal atração.
Já naquela época o programa – que chegou a ter impressionantes oito horas de duração – contava com dois itens essenciais: um auditório animado e um apresentador que adorava distribuir prêmios.
Na década de 70, dois quadros fixos garantiam o sucesso da atração. No “Só Compra Quem Tem”, Silvio distribuía semanalmente um carro 0km custeado pelos patrocinadores. Já no “Arrisca Tudo”, participantes respondiam algumas perguntas e, se acertassem todas, levavam para casa o valor de um milhão de cruzeiros que mexia com o imaginário popular.
Nem só de prêmios, porém, vivia Silvio e, já na Globo, o show de calouros tornou-se sua marca registrada através do quadro “Cuidado Com a Buzina”, no qual amadores se apresentavam e eram avaliados por um júri que já contava com o folclórico Décio Piccinini, figura ainda vista em programas de TV.
Amante confesso de gincanas, Silvio também promovia o “Sinos de Belém”, quadro que revolucionou a TV da época por apresentar provas difíceis que, para espanto dos telespectadores da simplória TV em preto-e-branco, chegavam a utilizar aviões e helicópteros em suas realizações.
A emoção também tinha lugar cativo no “Programa Silvio Santos” global e o futuro dono do SBT já apostava em dois formatos que seriam eternizados: “Namoro no Escuro” e “Casais na Berlinda”, quadros em que moças e rapazes tentavam encontrar um novo amor. Ainda na linha do drama, Silvio apostava no “Sou Grato a Você”, no qual cinco pessoas se reuniam para homenagear alguém que havia lhes ajudado ao longo da vida, e no “Perdoa Pelo Mal que lhe Fiz”, quadro que, conforme denuncia o título, contava com arrependidos clamando por misericórdia.
Desde aqueles dias, Silvio já divulgava as músicas mais tocadas da semana e convidava casais de artistas para responderem perguntas íntimas. Outro traço do animador surgiu na Globo: as brincadeiras jocosas (embora bem mais recatadas) com as moças do auditório.
Crianças também tinham vaga no programa e estrelavam o “Boa Noite Cinderela”, tendo seus sonhos realizados por Silvio Santos, que conversava de forma descontraída e emocionada com os pequeninos no palco.
Toda esta coleção de clichês criados por Silvio fisgava o telespectador com facilidade e, segundo registros da época, o “Programa Silvio Santos” chegava a registrar impressionantes 89 pontos de audiência. A atração, porém, se distanciava cada vez mais do perfil de programação da Globo – já preocupada com seu ‘Padrão de Qualidade’ – e a parceria entre o animador e a emissora chegou ao fim em 1976.
Inabalável, Silvio levou seu programa para a TV Tupi e, mais tarde, comprou uma emissora para chamar de sua. Além do título, porém, sua atuação no vídeo manteve a essência coerente com a trilha sonora que embalava sua chegada: “do mundo não se leva nada, vamos sorrir e cantar!”.
CONFIRA CENAS DO “PROGRAMA SILVIO SANTOS” NA GLOBO:
RD1
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