sábado, 3 de agosto de 2013

Crítica: “Amor à Vida” precisava de tanto didatismo assim para tirar alguém do armário?

Montagem / Redação POP
Discursos politicamente corretos foram ao ar!
Ontem (01/08) foi um grande capítulo para “Amor à Vida”. Literalmente falando mesmo, porque toda a saída de Félix (Mateus Solano) do armário foi acabar quase onze horas da noite. Enquanto as redes sociais fervilhavam com comentários sobre os barracos, a novela serviu apenas o tradicional texto didático de Walcyr Carrasco, tão característico de suas novelas das 18h.
Continuando a cena de anteontem, Edith (Bárbara Paz) revelou a toda família sobre a homossexualidade de Félix, com direito a fotos exclusivas de momentos íntimos com o amante. César (Antonio Fagundes) se colocava como mero juiz e observador da situação, mas foi colocado na parede quando Edith revelou que foi empurrada para o Félix pelo pai do marido
Reprodução / Globo
Após uma cena de discussão incrível, os personagens se separaram e Walcyr Carrasco pôde expor o assunto da homossexualidade com todos os personagens. Paloma (Paolla Oliveira) trabalhou como conciliadora, conversando com Jonathan (Thalles Cabral) sobre seu pai em uma das conversas mais imbecis que tive o prazer de ver. O garoto, cuja inteligência é digna de uma Morena de “Salve Jorge”, estava se perguntando se seria gay por causa do pai, e precisou da ajuda de Paloma para entender que não tinha nada a ver. Por favor, né?
Outra conversa bem constrangedora foi a de Félix com Pilar (Susana Vieira) e Bernarda (Natália Thimberg) porque teve aquele ar de politicamente correto, de lição de moral no fim de um episódio de “He-Man”. Pilar mostrou ser moderna e Bernarda contou sobre gays que ela conhecia, para a alegria de Félix. Todas essas cenas só não foram piores porque o autor consertava no fim: o abraço de Jonathan com Félix após a conversa com Paloma foi emocionante, assim como a atuação de Susaninha na conversa citada.
Entre as conversas boas posso destacar a que rolou entre Félix e Paloma e a final entre Pilar e César. Nessas duas conversas os atores foram fantásticos. Félix ganhou até um pouco de profundidade com esse capítulo, e não seria estranho se o personagem passasse por um processo de regeneração. Já a conversa entre Pilar e César foi épica, porque toda a máscara de homem de bem do doutor foi se desmanchando a cada argumento homofóbico dito por César.
Reprodução / Globo
Embora tudo tenha sido didático demais, infelizmente foi necessário. Devemos lembrar que o país não é composto de pessoas completamente esclarecidas, e houve muito comentário bem preconceituosos espalhados pela rede. Nunca houve em nossa dramaturgia um capítulo tão dramático sobre um personagem saindo do armário, então foi bom o Walcyr ter tratado o tema com seriedade e ter mostrado todas as dúvidas bestas (tipo as do Jonathan) que poderiam surgir.
Quando ao resto da novela, não houve espaço para outros temas no capítulo de ontem. Pilar até tentou levantar um assunto importante quando perguntou sobre o tal amante que estava com Edith minutos antes da confusão, mas todo mundo preferiu ignorar o questionamento em prol do barraco e da gritaria. Quando a novela mudava de cena, era para mostrar Perséfone (Fabiana Karla) se ferrando novamente ou Valdirene (Tatá Werneck) atacando o vocalista da banda Aviões do Forró. Ao menos a cena com a periguete foi relevante, porque Atílio (Luis Mello) acabou recobrando a memória após uma pancada.
O capítulo de ontem deu 39 pontos de média
Portal POP – Blog Coisas de Novelas – Fábio Garcia

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