quinta-feira, 2 de maio de 2013

Entrevista: Camila Rodrigues deseja que sua próxima personagem seja em uma produção contemporânea.


O período de pré-produção para uma minissérie bíblica exige um longo tempo de preparação. Em seu segundo trabalho bíblico, Camila Rodrigues não enfrentou grandes dificuldades para se ambientar e encarnar a sofrida Tamar, de José do Egito, da Record. Já que a atriz utilizou diversas referências do período de laboratório e workshop de sua primeira trama épica, Rei Davi, em que deu vida à romântica Merabe. Em ambas as histórias, Camila acredita que suas personagens partam de uma mesma base ao retratarem mulheres submissas.

"Eu já sabia qual era o comportamento e como lidar com as situações. No fundo, todas as duas personagens são sofridas e dadas aos maridos para terem filhos e procriarem. Esse era papel da mulher naquele tempo", discorre.

Mesmo animada em repetir o gênero dramatúrgico, a atriz torce para não engatar a terceiro trabalho bíblico.
"Estou feliz, mas gostaria que o meu próximo projeto fosse contemporâneo. Queria fazer uma mulher que pudesse extravasar e não baixar a cabeça", planeja.  
O jeito falante de Camila em nada lembra a personalidade submissa e triste de sua personagem. Na história, a atriz vive a nora de Judá, papel de Vitor Hugo, e se casa com seus dois filhos mais velhos em momentos diferentes. Após ficar viúva dos maridos, a moça é mandada de volta para sua família sem ter engravidado em nenhum dos casamentos.

"Ela é uma espécie de mulher amaldiçoada que mata os maridos. Naquela época, uma mulher sem filhos era nada para a sociedade", explica.

Apesar da viuvez dupla, a personagem de Camila vê a esperança de se tornar mãe através do casamento com o terceiro filho de Judá. Porém, o sogro volta atrás em sua decisão. Inconformada com a atitude, Tamar se envolve com Judá e acaba gerando dois filhos dele.

"As pessoas vão julgá-la. Mas, no fundo, ela só quis sobreviver. Em momento algum, é maquiavélica", defende. 
 

Para interpretar pela segunda vez uma hebreia, Camila buscou ao máximo se aproximar da época longínqua de 3 mil anos atrás retratada na produção. Por isso, junto com todo elenco, intensificou um trabalho de vivência e passou dois dias acampada, simulando a rotina dos hebreus, fazendo comida de formas rudimentares e tecendo roupa.

"Ficamos sem telefone, comendo com a mão e trabalhando com animais de verdade. Foi um processo interessante para a gente se colocar em um lugar que não é nosso", analisa ela, que acredita que o figurino seja parte essencial da composição.

"Incomoda muito e faz calor. Mas é bom porque dá uma postura diferente e ajuda como um todo",aponta. 
 

Há quase dois anos na Record, a atriz comemora as oportunidades em dar vida a papéis dramáticos, vertente em que prefere atuar. Mas admite que, com o passar dos anos, foi se adaptando aos trabalhos mais cômicos.

"Hoje em dia, eu aprendi a gostar de comédia. É o local em que você pode extravasar muito mais",afirma.

Contratada da emissora por cinco anos, a atriz faz um balanço positivo de seus primeiros trabalhos no canal após deixar a Globo, onde ficou por quatro anos.

"Em Rei Davi, ganhamos vários prêmios. Estou muito feliz e a emissora só me deu papéis bons e instigantes. Tive a oportunidade de emendar dois trabalhos bons'', comemora. 
 

Na tevê desde 2005, Camila sempre foi impulsionada pelos papéis instigantes. A inquietação da atriz vem desde o começo de carreira quando, ainda modelo, buscou aulas de teatro para se aperfeiçoar em comerciais para a tevê.

"Todo trabalho tem de mexer com você. Gosto quando leio uma sinopse que desperta o meu interesse e a curiosidade", afirma.

A partir das aulas, a jovem paulista de Santo André começou a fazer testes para a Globo até passar para a novela América, em 2005.

"Estrear em uma trama das oito foi pressão. Mas eu achava que só sentiria isso naquele primeiro trabalho. Estava enganada", lembra ela, que é formada pela Casa das Artes de Laranjeiras. 
 

Apesar de acumular oito anos de televisão, a tarefa de ter de se assistir no vídeo ainda é um entrave para Camila, que gosta de exercer sua autocrítica.

"Não gosto de me ver e nem posso ficar pedindo para repetir as cenas sempre. Mas gosto de ver o caminho que a minha atuação segue em um trabalho", ressalta.

Em seu quarto folhetim de época – ela já participou de Amazônia, De Galvez a Chico Mendes, Desejo Proibido e Rei Davi –, a atriz não esconde sua preferência por trabalhos não contemporâneos.
 
"Você ganha novas visões sobre as histórias. E é a oportunidade de conhecer algo diferente",aponta. Após o fim da trama bíblica, Camila pretende se dedicar ao teatro e à televisão.

"Sou atriz e gosto de contracenar independentemente do veículo", ressalta.


Informação site O Fuxico.

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