segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Simone Spoladore: "Eu me interesso pela diversidade"


Atriz afirma que demorou para descobrir que conseguia fazer comedia
Experimentar é a palavra mais recorrente do vocabulário de Simone Spoladore. Essa inquietude artística e criativa se comprova ao analisar a carreira da atriz. Conhecida do grande público pelos tipos densos que interpretou em minisséries como Os Maias, da Globo, e em novelas como Vidas em Jogo, da Record, a atriz já marcou presença em peças conceituais do quilate de Os Sete Afluentes do Rio Ota, de Robert Lepage, e em filmes de caráter alternativo como Desmundo, de Alain Fresnot.

Em respeito à sua trajetória, Simone assume que não quer mesmo ir pelo caminho mais óbvio, seja nos palcos, nas telas de cinema ou na tevê, onde, atualmente, dá vida à cômica Violeta, de Balacobaco, da Record.

"Eu me interesso pela diversidade. Por poder experimentar coisas novas. A necessidade de descobrir outros espaços e nunca estar satisfeita com o meu trabalho sempre me acompanha", assume

Primeiro papel escrachadamente cômico de Simone em novelas, Violeta surgiu na carreira da atriz em um momento onde, por acaso, ela vem se aproximando cada vez mais do humor. Em 2010, Simone surpreendeu a crítica ao interpretar Elvis, uma entregadora de pizza lésbica que se apaixona por um travesti no longa Elvis & Madona. E, no ano passado, foi indicada ao prêmio Shell de Teatro ao dar vida a uma personagem inspirada em Marilyn Monroe, no espetáculo Depois da Queda.

"Levou um tempo para eu descobrir que conseguiria fazer comédia. É por isso que valorizo todas as experiências e acho que um trabalho ajuda a compor o outro", entrega.

Sem muito tempo de preparação para Balacobaco folhetim produzido a toque de caixa depois do fracasso de Máscaras –, Simone deixou-se influenciar pelos maneirismos, visual e referências do lado cômico e sensual de Marilyn, nítidas nos primeiros capítulos de Balacobaco. Principalmente, nos cabelos platinados que Violeta ostentava. Aos poucos, por vontade da atriz e por um problema capilar, as diferenças foram se impondo e outros elementos foram surgindo na história da ciumenta e tresloucada personagem, que agora aparece com uma peruca ruiva nas cenas da novela de Gisele Joras.

"Foi estranho ficar loura, mas depois me apaixonei. No entanto, meu cabelo não resistiu e quebrou todo. A Violeta usar peruca foi uma saída bem-humorada e coerente com as loucuras do papel", analisa, entre risos.

 Natural de Curitiba e cria da efervescente cena teatral local, aos 34 anos, Simone é uma das atrizes mais premiadas de sua geração. Eleita três vezes melhor atriz pela APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte –, ela também guarda na estante troféus da mesma categoria concedidos pela ACIE – Associação de Correspondentes de Imprensa Estrangeira –, e pelo júri de festivais brasileiros como os de Gramado e Goiânia. Com uma carreira no cinema iniciada em 2001 e que já conta com cerca de 20 filmes, não surpreende o fato de, apesar da pouca idade, Simone ser a grande homenageada pelo conjunto da obra na Mostra de Cinema de Tiradentes de 2013.

"Tenho os pés no chão, mas é legal ser reconhecida. Ainda mais por saber que a Mostra de Tiradentes valoriza as novas linguagens e as pessoas que lutam por um cinema mais criativo", enfatiza.

Paralelamente aos filmes, Simone teve aparições bissextas na tevê no início da carreira. Assim como outras atrizes muito ligadas ao cinema, ela não nega que, quando estreou na Globo, em Os Maias, de 2001, tinha uma visão carregada de preconceito sobre o tom mais popular do veículo. Algo que foi se dissipando ao longo dos anos.

"A vida é contraditória. Hoje, acho esse preconceito uma coisa extremamente adolescente. A maturidade me fez ter uma visão mais ampla sobre o trabalho na tevê", acredita.

Na Record desde 2009, quando fez Bela, A Feia", Simone mostra-se satisfeita com os trabalhos que vem desenvolvendo na emissora.

"É um grande aprendizado. Fazer novela é um exercício de possibilidades e uma forma de ter contato com um público mais abrangente", valoriza.

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