quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Exclusivo: Letícia Dornelles fala sobre o desafio de escrever “A Nova Família Trapo”

leticia
Letícia Dornelles acompanhou os ensaios e as gravações de programa
O final de ano promete ser de muitas novidades para os telespectadores da Record. A emissora vai exibir seis especiais e dois deles foram escritos por Letícia Dornelles, que já trabalhou em outras oportunidades no canal.
A autora é responsável pelos textos de “Coisas de Casal” e “A Nova Família Trapo”. Em entrevista exclusiva ao RD1, Letícia comentou com sinceridade sobre o desafio de escrever a nova versão de um dos programas de humor mais famosos da televisão brasileira. Além disso, a autora falou dos planos que possui para televisão e das possibilidades dos especiais virarem seriados na Record.
Confira a entrevista!
Como você vê esses especiais que a Record irá colocar no fim do ano? É uma boa oportunidade para levar novidade ao público?
A iniciativa da Record é maravilhosa. Estou super feliz. Sinto-me honrada por participar desse momento histórico e poder mostrar serviço. Adoro desafios.  Amo meu trabalho. Tenho uma relação de afeto com a emissora. Sempre fui muito bem tratada, respeitada, acarinhada. Sinto-me em casa. É fundamental para a indústria de entretenimento que haja investimento. O mercado precisa desse arrojo, dessa coragem, desse movimento. Em vez de se retrair, de se acomodar, a Record avança. É uma administração positiva, confiante, arejada, dinâmica, e animadora. Há muito tempo não sentia uma vibração tão especial. São muitos projetos, criações interessantes, profissionais trabalhando, parceiros surgindo. É um investimento alto em criação nacional. Emprego para brasileiros. Fé no talento de centenas de profissionais. Entretenimento de excelente qualidade para o público. Com os especiais, o mercado artístico se abre. Não podemos contar apenas com novelas. A dramaturgia é muito mais ampla e cheia de possibilidades.
Qual é a sua relação com o humor? É mais fácil escrever uma história com drama ou comédia?
Sou uma pessoa leve, de bem com a vida, bem humorada, de alma simples, e feliz. A vida já é tão complicada, difícil… Não gosto de textos supostamente intelectualizados na TV. Detesto “papo-cabeça” em dramaturgia. Meu texto não tem o “nariz empinado”. Nem eu tenho. Meus pés estão muito bem plantados no chão – embora a ficção permita-me voar.  Prefiro a linguagem mais simples, mais cotidiana. Com qualidade. Porque o fato de ser popular não significa desleixo. Dá muito trabalho ser simples. É preciso ter sensibilidade para chegar ao povo. Que adora se ver representado na TV. O intelectual se distancia muito da realidade do povo. Coloca-se num pedestal para ser adorado. Meu texto não é para ser colocado em pedestal. É para o público sentar no sofá da sala e sentir-se parte da história que estou contando. Identificar-se com tramas e personagens. Gosto de escrever dramas. Sou cria das novelas. Tenho mão boa para vilões e personagens fortes. Já a comédia dá a liberdade de brincar. De criticar com alegria. Entrego-me com a mesma intensidade tanto ao drama quanto à comédia. Não sei fazer nada mais ou menos. A dedicação é completa. Não há estilo mais fácil ou mais difícil.  O que existe é dedicação, muito trabalho, e concentração.
Você ficou por um tempo como uma das roteiristas do programa do Tom Cavalcante. Como essa experiência te influenciou no trabalho na “Nova Família Trapo” e “Coisas de Casal”?
Todo trabalho é importante, válido e digno. Respeito cada etapa da minha vida profissional. Sempre procuro aprender com as experiências que a vida me proporciona. Mas não tem como comparar. Nem influenciar. “Coisas de Casal” é dramaturgia. Tem humor.  Mas não é humorístico. Nem os atores são comediantes. É um texto elaborado, direção sofisticada, produção de primeira linha. A direção do Edgard Miranda é tão sofisticada que o especial está um luxo. Um texto simples, leve, com tratamento sofisticado. É o diferencial. E “A Nova Família Trapo” é sitcom gravado com plateia, num teatro. Um estilo ágil, que precisa de texto enxuto, bem costurado, direção firme, e elenco afiado. Não pode vacilar. É como um jogo de vôlei: um levanta, o outro corta, um terceiro devolve a bola para o outro lado. Como uma peça de teatro, gravada sem interrupção. Nesse projeto, tive um casamento perfeito com Ignácio Coqueiro. Um completa o outro. É um parceiro generoso. Participei de todas as etapas do piloto. Foi uma entrega total. Participei de leituras, ensaios, gravação. O elenco é excelente. Dedicaram-se ao extremo. Foram verdadeiros leões em cena. Uma garra deliciosa. Uma alegria contagiante. Brilharam. Formamos um time, uma verdadeira família. Brinco que a Família se chama Família Dornelles Coqueiro Trapo.
Como foi a criação de “Coisas de Casal”? Como surgiu o convite para fazê-lo?
Converso há muito tempo com o Sr. Marcelo Silva. Ele sabia do meu desejo de voltar à dramaturgia. Era um encontro profissional que estava sendo desenhado devagar e com muita fé. Eu soube esperar a minha oportunidade. Deus não demora, Deus capricha. O Sr. Marcelo sempre foi muito gentil comigo. É atento a tudo o que se passa, tem um coração imenso, é generoso. Ele sempre me dizia que era para eu ter paciência que a minha vez chegaria. Não é um executivo frio. Gosta de conhecer as pessoas, conversar. Ele olha nos olhos quando conversa. Não se coloca distante, nem com esnobismo. É um ser humano sensacional. Contou-me sua história de vida, suas origens, e eu o respeito muito. A história dele daria uma novela. Teve toda a paciência do mundo comigo. Ouviu minha história de vida, conheceu minha família. Sou muito transparente. Sou o que sou na frente de qualquer pessoa. Falo bobagem, brinco, falo de futebol, falo de projetos, falo do meu filho, e falo de sonhos. No fim do ano passado, escrevi Coisas de Casal, e pedi que o sr Marcelo lesse.  Ele interessou-se pelo projeto. Tivemos uma reunião com Anderson Souza, diretor de dramaturgia. No começo de agosto, fui convocada para nova reunião.  Acertamos que “Coisas de Casal” seria produzido. É uma verdadeira bênção. Sou extremamente grata à Record , ao sr Marcelo, ao Anderson, ao Mafran. Sou leal a eles. E confio nessa administração.
“Família Trapo” foi um dos programas mais importantes da TV. Qual é a sensação de participar de uma nova versão?
É uma honra imensa. Uma responsabilidade fascinante. Um dos convites profissionais mais sensacionais que já recebi. Sou muito grata à Record pela lembrança do meu nome para um evento de tanta importância. Definitivamente, passo a fazer parte da história da TV Record. Encaro o projeto como uma verdadeira festa, uma homenagem à história da Record e da TV brasileira.  Desde o convite para escrever o piloto, meu coração ficou acelerado. Escrevi com todo o amor. Com todo o respeito à história desse programa lindo.
Alguns veículos de comunicação publicaram que você já está preparando outros episódios de “Coisas de Casal”, pois há chances de ganhar uma temporada no ano que vem. Existe mesmo esse plano?
Ninguém perguntou-me nada. Esta é a primeira vez que converso com um jornalista sobre os especiais que escrevi. Seus colegas de site são testemunhas que, ao procurar-me, pedia que aguardassem. Ainda não era hora de falar, embora eu tenha lido diversas notas sobre os especiais. Num primeiro momento, o sigilo faz parte da estratégia, e não gosto de ver informações sigilosas na imprensa. Mas agora que a própria Record convidou jornalistas para cobrir os ensaios da Família Trapo, senti que já é hora de abrir mais a guarda. Acho muito positiva essa movimentação em torno dos especiais. A curiosidade é saudável. E auxilia na divulgação. Os especiais já estão na boca dos fãs de TV. Adoro. Acompanho pelas redes sociais o interesse, a agitação, a ansiedade do público. Para nós, profissionais, é um carinho que não se mede.  Eu estou sempre escrevendo… No caso específico de Coisas de Casal e A Nova Família Trapo, penso longe. Criar e escrever são exercícios. Gosto de aprofundar-me nos personagens, nas tramas, de imaginar aonde eles vão, o que comem, o que sonham, qual o próximo passo. Escrever dramaturgia é como um jogo de xadrez. Não pode ficar no primeiro lance. Tem de planejar as próximas etapas. Sempre. Os especiais têm qualidade. Vão disputar vaga na grade com muita chance de vitória. Tenho fé. E vejo a qualidade do que estamos produzindo. Todos os profissionais envolvidos estão confiantes. A garra é imensa.
Você costuma opinar na escalação do elenco de seus trabalhos?
Sim, faz parte do processo. E é importante o autor opinar. Afinal, é quem escreve, quem primeiro visualiza a situação.  Nunca vetei nenhum ator. Ao contrário. Já houve um trabalho no qual o diretor de dramaturgia pediu que eu eliminasse determinados personagens, por implicância com os atores, por comportamentos que desagradavam, mas eu banquei cada um. Tive de diminuir algumas participações. Alteravam meu texto para “enviar recados” aos atores nas entrelinhas. Foi muito desagradável. Alguns atores até ficaram frios comigo. Afinal, era eu que assinava o texto. Não sabiam o que se passava nas reuniões. E o tanto que pedi por eles.
Você já foi colaboradora de novelas da Globo e adaptou uma trama mexicana para o SBT. Tem projetos mais longos para a Record?
Não tenho contrato longo com a Record. Os especiais foram contratos específicos. Mas quero muito continuar na emissora. Estou à disposição da Record para o que for chamada a escrever. Sou profissional. E não esnobo nada. Tenho meus projetos. Tenho meus planos. Mas, não sou obcecada, nem meu ego é inflado. Tenho um ego saudável. Se convidarem para colaborar com outro autor, ou para escrever em parceria, vou dedicar-me da mesma maneira. O importante é produzir bons textos e contribuir para o fortalecimento da dramaturgia da casa. Amo minha profissão. E sou extremamente grata ao Sr. Marcelo Silva e ao Anderson Souza pelas lindas oportunidades com que me brindaram. Sou leal a eles. Estou junto para o que der e vier.
A Record investe muito em minisséries bíblicas e o público prestigia esse tipo de produção. Você gostaria de escrever uma história desse estilo?
Sou profissional. O que for escalada para escrever, aceitarei e o farei com alegria, amor,  e dedicação. A emissora escala muito bem. Sabe aproveitar o potencial de cada profissional. Admiro o trabalho realizado nas minisséries bíblicas. Estão muito bem produzidas. A direção é trabalhosa e impecável. Se for escalada para escrever algum texto, vou estudar a fundo o tema, pesquisar o que for necessário. É como eu disse: agradeço a Deus cada porta que se abre. E entro com alegria.

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